Hoje em dia, a morte é vista de uma forma muito diferente do que era em tempos antigos. Enquanto na atualidade nós nos apressamos para fechar logo os caixões contendo os corpos de nossos entes queridos, as sociedades ancestrais tinham como hábito a realização de elaborados rituais pós-morte, muitas vezes entremeados por um incrível equilíbrio entre o macabro e o fascinante.

A seguir, você vai ver as histórias de 10 cadáveres mumificados que possuem histórias pra lá de interessantes e que nos ajudam a entender um pouco mais sobre a cultura e as crenças das antigas civilizações.

10 – Ramsés III

Se há algo pelo qual os egípcios antigos são reconhecidos, além de suas elaboradas pirâmides e esfinges, é a sua capacidade de criar múmias perfeitamente preservadas. Muitos dos restos mortais originados nesse período seriam dignos de destaque, como os do Rei Tutancâmon ou de Seti I, mas os restos do faraó Ramsés III são os mais misteriosos de todos – de longe.

Ele foi um dos mais famosos regentes-deuses do Egito e governou o país durante sua vigésima dinastia. Desde então, os estudiosos passaram mais de um milênio debatendo os eventos que levaram à sua morte. Felizmente, seu corpo foi tratado com uma complexa variedade de tratamentos distintos que ajudaram a preservar o cadáver.

Tomografias computadorizadas revelaram um corte profundo em sua garganta, com 7 cm de comprimento, indo quase até sua espinha vertebral. O ferimento rompeu não apenas seus principais vasos sanguíneos, mas também seu esôfago e traqueia, pondo um absoluto ponto final ao reinado de um dos últimos grandes faraós do Egito. Para piorar as coisas, muitos acreditam que ele foi morto pelos seus próprios filhos.

Fonte da imagem: Reprodução/Osoris Travel

9 – O homem de Grauballe

Na metade do século XX, uma série de corpos incrivelmente bem-preservados foram descobertos em uma turfeira (tipo de solo mais comum em regiões pantanosas) na Dinamarca. Entre eles, o homem de Grauballe é o mais fascinante por conta de sua faze assombrada, cabelo vividamente ruivo e detalhes faciais perfeitamente discerníveis.

Análises de datação por carbono realizadas com base no tecido ainda intacto de seu fígado mostraram que ele viveu há mais de 2 mil anos e evidências encontradas em seu corpo – ou não encontradas, melhor dizendo – sugerem que ele foi assassinato como parte de um ritual de sacrifício. Ele faleceu com a idade aproximada de 30 anos, provavelmente por conta de um corte profundo no pescoço.

Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

8 – A princesa Ukok

Se você precisa de mais um lembrete de que as tatuagens duram para sempre, essa donzela é a prova absoluta. Ainda que seu corpo propriamente dito não esteja tão bem-preservado, ela se torna notável devido às tatuagens intricadas que ainda podem ser claramente vistas em sua pele mumificada. Ela tinha cerca de 25 anos quando partiu deste mundo, há mais de 2,5 mil anos.

Recomposições digitais mostram que os desenhos incluem animais como veados, mas com um toque mítico – o bicho em questão tem os chifres de Capricórnio e um bico de grifo. Pesquisadores acreditam que ela era um membro da tribo Pazyryk, nômades que viviam nas montanhas da Sibéria e acreditavam fortemente que as tatuagens ajudam as pessoas a se encontrarem uma com as outras na vida após a morte.

Por conta de suas crenças, as marcas criadas pelo grupo estão entre as mais elaboradas que existiram no período. Nas proximidades dos restos mortais da princesa foram encontradas partes de seis cavalos, que eram creditados pelo importante papel de escoltar as pessoas até o mundo dos mortos.

Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

7 – A múmia molhada

Em 2011, trabalhadores chineses estavam cavando as fundações para uma nova estrada quando descobriram o cadáver preservado de uma mulher que viveu durante a dinastia Ming, há 600 anos. Mesmo após passar todo esse tempo enterrada em solo úmido, a múmia estava surpreendentemente bem-preservada.

Não apenas sua pele estava intacta, como seu cabelo e até mesmo suas sobrancelhas continuavam perfeitamente no lugar. Além disso, muitas peças elaboradas de joalheria foram encontradas com ela, incluindo um grande anel de jade em seu dedo médio e um grampo de cabelo de prata ainda segurando suas madeixas para trás.

Como a prática de mumificação é algo bastante incomum na China, a preservação da mulher permaneceu um grande mistério. Pesquisadores acreditam que a explicação mais provável é que o processo tenha acontecido naturalmente por conta da composição da água onde o corpo estava, que tinha uma quantidade de oxigênio pequena demais para que as bactérias fossem capazes de concluir a rotina de decomposição.

Fonte da imagem: Reprodução/Bitrebels

6 – O Tutancâmon de Torquay

Mumificação não é uma escolha funerária muito popular nos dias de hoje. No entanto, Allan Billis, um taxista britânico que faleceu de câncer pulmonar aos 61 anos, não apenas se voluntariou a passar pelo processo como aceitou que o feito fosse documentado e transmitido na televisão.

Antes de sua morte, ele doou seu corpo à ciência, o que permitiu que o Dr. Stephen Buckley, da Universidade de York, o transformasse no primeiro cadáver em mais de mil anos a ser mumificado por meio das mesmas técnicas dos antigos egípcios que foram utilizadas em Tutancâmon, há mais de 3 mil anos.

Sua família parece não ter se incomodado muito com a decisão. Ao término do processo, sua mulher declarou orgulhosamente que é “a única mulher no país que tem um marido múmia”. Motivos de sobra para alguém se orgulhar, não?

Fonte da imagem: Reprodução/Daily Mail

5 – Dashi-Dorzho Itigilov

Era uma vez um monge cujo nome parece um trava-línguas. Certa noite, no ano de 1927, ele disse aos seus estudantes e companheiros monges que havia chegado sua hora de passar desta vida para a próxima e pediu que eles o acompanhassem durante a meditação. Segundo a história contada, durante a sessão ele silenciosamente faleceu.

Pouco tempo depois, seu corpo foi enterrado sentado na posição da lótus, protegido da natureza por uma caixa de pinho. Muitos anos depois, seu corpo foi exumado e constatou-se que ele não apenas estava bem preservado como ainda se mantinha na mesma pose de meditação. Seu caixão foi preenchido com sal e ele foi recolocado na cova.

Recentemente, voltaram a retirá-lo de seu local de repouso, com a presença de uma grande quantidade de testemunhas – incluindo cientistas e experts forenses. Novamente, o corpo foi encontrado em um estado quase perfeito. A análise de amostras de sua pele e cabelo revelaram que as células de Itigilov se pareciam mais com as de alguém que estava morta há 36 horas do que com as de uma pessoa que faleceu há quase 100 anos.

Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

4 – As múmias da expedição de Franklin

Em 1845, um grupo de mais de 100 homens partiram para o Novo Mundo na esperança de encontrar a Passagem Noroeste, uma lendária rota comercial para a Ásia. Os dois navios que os levavam, no entanto, nunca chegaram ao seu destino e ninguém voltou a ouvir falar deles até 1850, quando outra expedição encontrou os restos de uma comunidade-fantasma na ilha Beechey, com três covas misteriosas contendo os corpos de membros do grupo anterior.

Mais de 100 anos depois, em 1984, um grupo de antropólogos viajou para a região para realizar testes forenses nesses cadáveres. Após a exumação, eles se depararam com corpos espetacularmente bem-preservados graças ao congelamento permanente da tundra, entre outros fatores.

Além de encontrarem sinais de pneumonia e tuberculose, os estudiosos descobriram que cada um dos mortos tinha uma quantidade letal de chumbo em seu sistema, provavelmente oriundo do sistema de destilação de água do navio. A quantidade do metal encontrado é assombrosa – é como se cada um deles tivesse consumido 3,3 mg por dia ao longo de oito meses para chegar àquele total.

Fonte da imagem: Reprodução/Documenting Reality

3 – A mulher que deu a luz à uma múmia

No ano de 1955, Zahra Aboutalib foi ao hospital para ter seu bebê, mas mesmo após um longo trabalho de parto, a criança não havia nascido. Seu médico ordenou uma cesariana, mas por morrer de medo da cirurgia, ela fugiu do local. Algum tempo depois, seu filho morreu dentro de seu útero e, mesmo assim, ela se recusou a deixar que seu corpinho fosse removido.

Cerca de 46 anos depois, ela começou a sentir dores excruciantes em seu abdômen. Ao tirarem um raio-X, os médicos encontraram uma grande massa que acreditaram ser um tumor, mas teste mais aprofundados revelaram que na realidade se tratado dos restos mortais calcificados do filho de Zahra, que permaneceram dentro da mãe por quase cinco décadas.

Esse fenômeno é extremamente raro, com apenas cerca de 300 casos documentados ao longo da História. O processo começa quando o corpo não consegue expelir o feto morto. Então, para se proteger da infecção causada pelo tecido em decomposição, o corpo da mãe cria uma camada de material calcificado em torno do cadáver, efetivamente mumificando-o e o tornando um “bebê de pedra”.

Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

2 – La Doncella

“A Donzela” (em tradução livre) é como foi chamado o corpo preservado de uma garota inca morta aos 15 anos de idade como provável parte de um ritual de sacrifício realizado há mais de 500 anos. A cerimônia aconteceu no vulcão argentino de Llullaillaco, 6.700 metros acima do nível do mar. Seus restos mortais, junto aos de outras duas crianças, foram encontrados em 1999.

Desde então, cientistas descobriram muitos fatos sobre a vida e morte da jovem. Antes de encontrar seu fim, ela sofreu com uma doença similar à tuberculose ou a uma infecção pulmonar crônica. Embora essa condições fosse quase uma sentença de morte na época, acredita-se que a real causa de seu falecimento tenha sido hipotermia.

Obviamente, seus conterrâneos tomaram grandes medidas para dar conforto a ela antes de sua morte – para eles, ser sacrificado era uma grande honra. Além de ter licor de milho em seu sistema, fragmentos de folhas de coca (de onde é extraída a cocaína) foram encontrados em sua boca. O incas costumavam mastigar a planta para combater os efeitos de enjoo por altitude.

Fonte da imagem: Reprodução/Awesome Stories

1 – Evita Peron

Em vida, Eva Peron foi a esposa do então presidente da Argentina, Juan Peron. Em 26 de julho de 1952, a amada primeira-dama faleceu por conta de câncer pulmonar aos 33 anos de idade. Após a morte, seu corpo foi preservado usando um conjunto de tratamentos distintos, com o objetivo de mantê-lo apresentável em um local público, onde a população em luto do país pudesse ir para dar seu adeus.

Então, em 1955, militantes antiperonistas roubaram o cadáver de Evita, enviando-a em uma aventura que durou quase 15 anos. Eventualmente, os restos mortais foram devolvidos ao marido, que então havia se casado com uma mulher chamada Isabel. Infelizmente, o cadáver havia sofrido muitos ferimentos, incluindo traumas por impactos no rosto e no pé e um dedo desaparecido.

Dizem que após recuperarem a custódia de Evita, o casal a manteve em exposição na sua residência, às vezes chegando a coloca-la sobre a mesa da cozinha. Segundo os boatos, a segunda esposa de Peron penteava o cabelo da falecida todo os dias e chegava a entrar com ela em seu caixão, na esperança de “absorver um pouco de suas vibrações mágicas”. Hoje, os restos da eterna primeira-dama da Argentina finalmente descansam em paz na cripta familiar.

Fonte da imagem: Reprodução/Listverse

E você, conhece alguma história espetacular ou misteriosa sobre mortos preservados? Deixe sua opinião nos comentários.

*Publicado originalmente em 18/10/2013.